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Tome todos sobre ssy

os erros que nelle achar,
porque se m'eu atreuy
alhos pobricar aquy,
5 foy por elle m'o mandar.

Defendera juntamente

o seu Eneas comiguo;
Eneas, de quem a gente

dos da Sylua he descendente,
10 como em outra parte diguo:
& assy seguro são,

que o vosso nome muro,
& a vossa defenssão

escudo de Thelemão

15 pera my sera seguro.

Epistola de Dido aa Eneas, treladada de Latym em linguajem

por Joam Rroiz de Saa.

Argumento.

D'aquela noyte escapado, derradeyra d'lliom,

que foy por nom ser tomado

o conselho muy bem dado

20 do triste de Laocom, 1

Chegou Eneas, trazido

com tormenta & com affronta,
a Carthaguo, onde Dido

o tomou por seu marido,
25 segundo o poeta conta.

E a rrainha, ferida
de muyto graue cuydado
c'uma chagua enuelhecyda,

1) Orig. Laoçom.

[F. 120a]

bem d'entro d'alma metida,

d'um amor demasyado,

Uendo, como se querya
Eneas d'ela partyr,
5 esta carta lh'escriuia,
trabalhando, se podia
sua partida jmpidir.

Hic vbi fata &c.

Assy soy jaa, quando sente
o cirne seu fym cheguar,
10 na rribeyra muy prazente
de Neandro docemente
ante da morte cantar.
Nem te falo jaa, cuydando
com meus rrogos de vençer,
15 porque bem vejo, qu'estando
demudado em outro bando
ysto começo a mover.

Mas poys que tam mal perdy

a fama bem mereçyda,

20 perder palauras assy
por leue perdaa ssenty
aposa d'alma & da vyda.
De me leyxares & t'yr
muyto certo ante ty he:
25 verey triste, em quanto vir
o vento, que te seruyr,
leuar-t'as vellas & fee.

Per hum mesmo apartamento
tens, Eneas, ordenado

30 as naos & prometimento,
en te ventando bom vento,

desatar muy apressado,

& yr Italia busquar,

Cancioneiro geral. II.

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que nunca viste de prouo,
sen t'o poder estoruar

o rreyno que te quys dar,
Cartago, que fiz de nouo.

5 Ho que deueras fugir, busquas, & foges o feyto: terras as de descobrir; da, que gainhaste, partyr te queres tam sem respeyto! 10 Quem t'a leyxara entrar, dou-lhe que aches essa terra;

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15

quem soffrera de vaguar

suas herdades laurar

oos estrangeiros sem guerra!

Fyca-te pera busquar

outro amor & outra Dido;
outra fee, pera apenhar,

com que possas emganar
de quem nom es conhecido.
20 Quando t'aconteceraasi, 20
que faças huma cidade

25

come-esta, que feyta estaa,

& vejas teus pouos jaaro em tanta prosperidade!

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Muy aleuantado estando,

d'uma torre, muy erguyda,

os vejas multipricando,

quaes ves agora leyxando s

com tam crua despedida.

30 & que sen te tardar nada

teu desejo em tudo venha,d mot

onde pode ser achada

outra molher enganada,

que tamanho amor te tenha?

Triste são, toda queimada como huma facha açendida, de muyto enxoffre çeuada, que quam asynha he tocada, 5 tam prestes he loguo ardida. Quer seja noyte, quer dia, nunqua passo sem trazer com muyla dor em perfya Eneas na fantesya,

10 que nunqua leyxo de ver.

Elle jngrato em demasya he de quanto ouue de mym, & tal, que melhor seria, se nom fora tam sandia, 15 estar sem elle atee fym.

Nom lhe quero mal porem, conhecendo seu cuydado: queyxo-me, porque me tem bulrrada, & quero-lhe bem 20 muyto mays desordenado.

Perdoa, Venus, aguora;
nom dês mais pena oo sentido
a mym, que são tua nora;
nem fyques nisto de fora

25 tu, seu jrmão, deos Cupido.
Abraça teu duro jrmão,
por quem triste desespero;
doy-te de minha paixão:
manda-lhe, pois he rrezão,

30 que me queyra o que lhe quero.

Qu'elle, quem em primeyro

nom me despreço d'amar,
de que justiça rrequeyro
a meu amor verdadeyro

35 materea pera durar.

[F. 120']

& com qualquer esperança me dê rrezão d'esperar, & alguma segurança, d'acabar sua esquiuança, 5 pera m'eu nom acabar.

Bem vejo que sam bulrrada, & que'e jmagem fengida a que me'e rrepresentada; tarde sam triste acordada, 10 porque he depois de perdida. Jaa vejo que'e toto engano: bem se ve que'e tudo vaom. bem ho vejo por meu dano desuiado & ser humano

15 & da may na condiçam.

De montes & pedra dura
muy duro foste criado,
d'aruore de grande altura,
naçyda em montanha escura,
20 ou fero anymal geerado.
Ou es nacido do mar,

como aguora and'em tormenta,
onde te vejo ordenar

de quereres naueguar

25 com tam mao vento que venta.

O estoruo, que te dão as fortunas, nom atentas. olh'as aguoas c'o soão

quam rreuoluidas estão:

30 aproueytem-me as tormentas! Leixa-me que a liberdade,

que a ty quisera dever, que a deua a tempestade; que mays justa na verdade 35 que ty se pode dezer.

[F. 121]

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